Aqui há uns tempos tudo mudou, a minha vida ficou mais cheia, tudo passou a fazer mais sentido. Se antes já tinha várias razões para desejar viver agora tenho mais uma e, provavelmente, a mais importante. Os primeiros dias não foram fáceis: tinha recebido o bem mais precioso, uma benção... tinha-te recebido a ti e quando deveria estar a rebentar de alegria, só sentia uma tristeza profunda e uma enorme vontade de chorar! O que é isto? Não percebo... Não pode ser! Eu não posso estar triste se tenho nos meus braços a maior alegria que poderia ter. Estes eram os pensamentos que me assolavam! Estes sentimentos contraditórios estavam a acabar comigo e, por vergonha, não falava disto com ninguém! Sim, vergonha... Vergonha e medo... Medo de ser criticada, medo de ser olhada de lado. No entanto, dias mais tarde vim a descobrir que tudo isto é normal e que tudo isto se deve, mais uma vez, às nossas hormonas! Ai hormonas, hormonas... São vocês as responsáveis por todos os sentimentos esquisitos e despropositados que experimentamos! O que vale é que quando elas regularizam todo caos instalado desaparece e a pouco e pouco a normalidade volta. Poucos dias depois, quando pensei que grande parte do caos tinha passado, quando finalmente estávamos a ter um dia calmo, sem visitas, sem consultas, sem burocracias, sem sobressaltos, eis que um episódio de poucos segundos fez desmoronar a minha vida... E só tinham passado 10 dias de magia!
Noite serrada, o ar quente que outrora se tinha feito sentir era agora gelado e penetrava desobedientemente no corpo! O tempo parecia ter parado e simultaneamente parecia andar a uma velocidade estonteante! O chão fugia dos meus pés e o meu mundo parecia que ia desmoronar! Foram 3 dias de internamento, 3 dias de exames mas, graças a Deus, tudo não passou de um grande susto e tu estás bem! No entanto, jamais desaparecerão da minha memória os dias passados naqueles corredores frios, o medo de cada exame, a ansiedade dos resultados e principalmente não esquecerei tudo aquilo a que tu, meu pequenino, foste sujeito! Ainda hoje, enquanto lembro todos esses dias, as lágrimas caem-me pela cara e cresce uma vontade imensa de te abraçar, de te proteger! O medo tomou conta de mim... Tinha muito medo de que aquela situação se voltasse a repetir... E a verdade é que voltou, mas tanto eu como tu, já sabíamos o que fazer! Os nervos também se instalaram... Andava sempre num sobressalto e ele só chorava... - Coitadinho, está cheio de cólicas. - era o que eu pensava! Um dia, já não conseguia ouvi-lo chorar mais e liguei ao pediatra! - Marque uma consulta para amanhã, por favor. - Fiquei mais confiante! Seja o que for amanhã terei mais respostas... amanhã saberei o que fazer para acabar, ou pelo menos aliviar, as tuas cólicas. Mas a resposta foi tudo o que eu não queria ouvir - Ele tem fome! Vamos começar o suplemento. - Mais uma vez o meu mundo desmoronou! Que raio de mãe sou eu que nem consigo alimentar o meu filho? A pressão para manter um bebé apenas com aleitamento materno até aos 6 meses é muito grande e eu estava convencida que iria ser capaz, mas todas as situações que vivemos e os nervos que se instalaram em mim fizeram com que o meu leite não fosse o suficiente.
Ainda hoje te ponho na mama, mas o leite já é pouco! Tu já não ficas tranquilo quando te ofereço o meu leitinho e aqueles momentos mágicos que eram só nossos vão deixar de existir! Era tão bom saber que te alimentava e que ficavas tranquilo junto ao meu peito. Vou ter tantas saudades! Não percebo, embora respeite, como é que há mães que optam por não amamentar! É um momento tão terno e de pura cumplicidade... Um momento tão bom!
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